“Não sei tomar conta da minha mãe!”, diz, deixando sair a frustração de não ser nem criança, nem adulto, nem filho, nem marido, nem pai...mas, ao mesmo tempo, sentir que devia ser todas aquelas coisas. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ Filipe deixou de ser filho aos 7 anos, quando a mãe, por causa de problemas de saúde deixou de conseguir tomar conta dele. Teria de ser ele a cuidar dela… Com um pai ausente, foi ocupando os lugares vazios que o chamavam, tentando encaixar em papéis impossíveis de cumprir. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ O Projecto Família acompanhou esta díade quando Filipe demonstrava não controlar os impulsos de frustração e se tornara agressivo para com a mãe. Recorria à força para responder à agressividade passiva de uma mãe que pedia do impossível a um filho frágil e perdido. Vivia-se uma “guerra fria”, com alguns ataques quase efectivos, em que se jogava num terreno de vínculos quebrados, um distanciamento gelado e uma desilusão severa. Ambos estavam insatisfeitos e era preciso começar por aí. A missão era trabalhar as emoções dos dois, validá-las e reverter os tais ciclos agressivos, aqueles que os feriam, por passos de aproximação emocional. Foi preciso partir do que estava quebrado e convidar mãe e filho a encontrar reacções alternativas e atentas ao outro...e era preciso voltar a conhecer o outro, olhando para o futuro do que queriam ser como mãe e como filho!